Professora de Caculé terá relato sobre aulas em meio à pandemia publicado em livro da Fiocruz que homenageia o Centenário de Paulo Freire


Professora Cláudia Eliane Neves Castro Ramos

 

E de uma hora para outra e diante do enfrentamento a uma pandemia sem precedentes na história, milhares de educadores tiveram que se reinventar. Uma corrida contra o tempo para que o impacto aos alunos fossem os menores possíveis. Do acesso limitado à internet, passando pelo convívio com as próprias angústias e também dos estudantes, até a adaptação a uma rotina completamente nova e uma forma de educar inédita.

Os professores tiveram que colocar à prova um dos principais ensinamentos do educador e filósofo Paulo Freire: “A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem”.

E um dos relatos, repletos de amor e coragem, que irão eternizar este período de aprendizado para educadores e educandos será o da professora Cláudia Eliane Neves Castro Ramos, de Caculé, cidade do interior do Sudoeste baiano.

As experiências da professora foram selecionadas para integrarem o livro “Educadores sim, cidadãos também: mensagens de quem ousa ensinar em contextos pandêmicos”, produzido pelo Instituto Fiocruz, em comemoração ao Centenário de Paulo Freire.

Especializada em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e Inglesa, pela UNEB (Universidade do Estado da Bahia), Claudia vai detalhar no livro os percalços do ensino a distância, como a tecnologia foi fundamental neste processo, fala sobre o apoio dos familiares e dos entusiastas da educação e aborda a rotina nada fácil de ensinar em meio a tantas incertezas.

Em um dos trechos do relato que estará na publicação, a professora baiana demonstra como foi necessário buscar novas formas de ensinar. E é assim que ela descreve o que chamou de “sala de aula invertida”: “Esta proposta permitiu quebrar o modelo tradicional de ensino, em que na maioria das vezes o professor é quem explana o assunto. Solicitei de cada aluno um vídeo onde ele seria ‘o professor por um dia’. Os resultados foram maravilhosos e emocionantes, pois, em cada trabalho, conseguia perceber como o aluno me enxergava como professora, na escolha das roupas, no dinamismo da fala, no jeito de fazer as colocações, correções e até nas broncas, enfim um pouquinho de mim em cada um”.

E se a tecnologia e o consequente ensino a distância se mostraram grandes aliados deste período, eles também causaram algumas cenas engraçadas, ao menos para os alunos. “Enquanto eu aplicava minhas aulas ao vivo pelo Google Meet, meus filhos menores estavam brigando na sala. Pedi licença aos meus alunos, fechei a câmera e pensava ter fechado também o microfone, e gritei para pararem de brigar. Quando voltei, todos os alunos estavam sorrindo sem parar e eu com o rosto desbotado de vergonha. Outro dia, os passarinhos começaram a cantar, o gato passou a miar, o cachorro da vizinha começou a latir e um dos meus alunos falou: ‘Professora, sua casa parece um zoológico’.

Outro aspecto destacado pela professora foi que a pandemia estabeleceu uma relação diferenciada entre família/escola e vice-versa, o que fez muita diferença, pois, sem a participação dos responsáveis, pouco pode ser feito na vida das crianças.

Claudia afirma estar “muito feliz e orgulhosa por representar Caculé e a Bahia nesta obra que envolve todo o país”. “Este é um momento primoroso para a minha carreira. O ato de escrever sempre foi uma paixão. Com as palavras conseguimos libertar a alma de suas dores e incertezas”, disse a professora que leciona há mais de 27 anos, dos quais 22 deles no Colégio Municipal Professor Vespasiano Filho, e que já produziu, juntamente com alunos, livros de poesia, entre eles: ” Na linha das poesias”, “Ao alcance dos olhos” e “Poesia sem fronteiras”.

Além disso, Claudia também teve textos publicados no livro “Educação com energia”, projeto de eficiência energética, patrocinado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

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