O PT precisa de uma virada inédita na história da política brasileira desde a redemocratização para derrotar o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). Desde 1989, nenhum candidato que saiu atrás na disputa do segundo turno conseguiu reverter a desvantagem e vencer as eleições presidenciais.
Com 99% das urnas apuradas, Fernando Haddad (PT) foi o segundo candidato mais votado e vai disputar o segundo turno com Bolsonaro. Haddad obteve 30,7 milhões de votos, o equivalente a 28,9% dos votos válidos. Bolsonaro, por sua vez, recebeu 49 milhões de votos, o equivalente a 46,2 % dos votos válidos.
Para quebrar essa tradição, Haddad precisa tirar uma vantagem que no primeiro turno foi de pelo menos 17,31% dos votos válidos. Uma “montanha” de mais de 18 milhões de votos.
O cientista político e professor André Borges, da UnB (Universidade de Brasília), explica que, em geral, as viradas em segundo turno são mais difíceis porque elas normalmente se dão entre um candidato governista e um de oposição. “Na maior parte das vezes, os candidatos que chegam ao primeiro turno na frente são aqueles de candidaturas governistas. Por terem o apoio do governo, a tendência é que seja mais difícil reverter um resultado no segundo turno”, afirmou. Borges diz, no entanto, que as eleições presidenciais deste ano são extremamente atípicas e que uma virada, ainda que muito difícil, não é impossível. “Apesar de Bolsonaro estar em primeiro lugar, ele continua sendo um azarão nessa disputa. Ele está em um partido pequeno com uma equipe que tem pouca experiência em eleições. Além disso, ele vai enfrentar um partido que venceu todas as disputas desde 2002. A virada é difícil, mas não é impossível que aconteça”, afirmou.
Borges acredita que, no segundo turno, o PT deverá explorar as altas taxas de rejeição de Bolsonaro se quiser reverter a vantagem do primeiro. “Bolsonaro foi poupado de ataques durante parte da disputa por conta do atentado que ele sofreu. Agora, ele não será mais poupado. Esse segundo turno deverá ter muita campanha negativa e as contradições dele, assim como as do Haddad, deverão ser exploradas”, explicou.
Fonte: Uol