Desenvolvido por uma equipe do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), um dispositivo portátil poderá realizar a detecção rápida da Covid-19 com ajuda de um celular. Segundo o Uol, o produto, que está em fase final de testes, vai identificar a presença do coronavírus desde o primeiro dia de contaminação através da saliva.
O kit de baixo custo foi criado pelas pesquisadoras brasileiras Talita Mazon, Aline Macedo Faria, Noemí Angelica Vieira Roza e Agnes Nascimento Simões, em Campinas.
Ainda conforme o Uol, o produto foi testado no Hospital das Clínicas de Botucatu, vinculado à Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), e teve precisão acima dos 80%, segundo as cientistas. Esses resultados apontam que ele pode ser uma alternativa de exame com resultado mais rápido aos mais populares atualmente, que detectam a doença após alguns dias depois da infecção.
Segundo Mazon, que é doutora em química e liderou o estudo, o novo teste de covid-19 surgiu a partir da pesquisa com uma tecnologia portátil que ajudava na detecção do Zika vírus. Com a chegada da pandemia, os planos mudaram e foi constatada a possibilidade de uso do kit para o novo coronavírus por meio de amostras de saliva.
Como funciona
O dispositivo possui um leitor de USB que encaixa na entrada do carregador do celular, parecido com um pen drive, para ser sincronizado a um aplicativo (tanto para iOS quanto para Android).
Para realizar o teste, basta inserir no leitor do aparelho com a gota de saliva coletada do potencial contaminado. Um biossensor descartável com o anticorpo do vírus imobilizado é usado para permitir a análise.
Quando em contato com uma pequena amostra de saliva contaminada, o anticorpo se liga aos fragmentos do vírus da covid-19, e fornece um sinal elétrico para o celular — independentemente da concentração.
Mazon explica que, no estudo envolvendo o Zika vírus, uma placa de circuito impresso foi modificada para imobilizar um anticorpo contra a proteína do vírus em um eletrodo. Com isso, a placa tinha sensibilidade e detectava a presença da molécula viral — tornando-se visível em gráficos na tela do celular.
No caso da covid-19, a pesquisadora acrescenta que o teste consegue detectar a espícula (ou proteína “spike”) do coronavírus, imobilizando o anticorpo dessa proteína nas nanoestruturas do sensor. Quando em contato com a amostra de saliva contaminada, o anticorpo se liga à espícula, e fornece um sinal elétrico. É esse resultado que aparece na tela do celular.
Diante dos resultados, a empresa de biotecnologia brasileira Visto.Bio entrou na parceria com investimentos para a produção do teste rápido em junho do ano passado, com o objetivo de acelerar e aperfeiçoar a tecnologia.
Vale lembrar que com investimentos e produção em larga escala, o teste pode ser comercializado com valores acessíveis — com preço de custo do refil a partir de R$ 10, segundo Renan Serrano, presidente-executivo e fundador da Visto.bio. Já o conector tem um valor calculado em R$ 300.
A ideia é tornar o kit disponível o quanto antes, ainda neste ano. “Estamos ainda em processo regulatório e buscando criar conexões com empresas interessadas”, explica Serrano.