Jogos de ida em duelos de mata-mata podem, por vezes, se transformar num convite à especulação, à redução de riscos. Aconteceu no 0 a 0 da última quarta-feira, no Nilton Santos. Nesta quarta-feira, às 21h45m, Flamengo e Botafogo voltam a se encontrar, desta vez no Maracanã, por um lugar na final da Copa do Brasil. Se quiserem evitar os pênaltis, terão que protagonizar um duelo mais aberto. O jogo de ida deixou lições.
A missão do Flamengo começa pela briga contra o tempo. Reinaldo Rueda tem nove dias no cargo e tenta transmitir ideias. O primeiro clássico apresentou intenções. Com Cuéllar ao lado de Arão, tentou fazer os volantes buscarem mais passes verticais, por vezes mais longos do que na construção de jogadas à época de Zé Ricardo. A ideia era fazer a bola circular mais rapidamente e achar espaço entre as duas linhas de defesa do Botafogo. Fosse para buscar a infiltração na área, fosse para acionar os pontas com mais espaço e apoios para triangulações.
Mas não há milagres e este Flamengo ainda busca agressividade, contundência. Sem Alex Muralha, suspenso, e Diego Alves, que não foi inscrito, jogará Thiago, terceiro goleiro. Guerrero tem chance de atuar, o que daria ao time um bom pivô, papel importante no sistema atual.
O Flamengo ainda não consegue fazer uma pressão no campo de ataque ao perder a bola. Mas com laterais mais contidos e perfilados com a linha defensiva, diminuiu o campo para o avanço dos extremas do Botafogo e o risco de infiltrações pelo meio de sua zaga. Jair Ventura terá que criar mecanismos para que o jogo de desarme e saídas em velocidade do Botafogo renda os frutos habituais. Tem total domínio de seu elenco para isso. Na ida, a rota preferida, com desafogo pela esquerda e finalização pela direita, que rendeu muitos gols na temporada, pareceu bem marcada.
Na temporada, Rueda enfrentou Jair Ventura três vezes e não venceu: sofreu duas derrotas com o Atlético Nacional, pela Libertadores, além do empate da semana passada. Joga com uma certa imprevisibilidade na escalação — além da dúvida sobre Guerrero, que põe até Lucas Paquetá como opção, perdeu Renê na lateral esquerda. Jair Ventura tem o tempo de trabalho a seu favor, o que é um trunfo. Mas o futebol não oferece garantias.