As preocupações da família de Jeferson Bispo, 21, baleado enquanto trabalhava como motorista de aplicativo na última sexta-feira (22) em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), foram além de se afligir apenas com a saúde do jovem. Enquanto esperava boas notícias do estado clínico, a família recebeu o rim de Jeferson no sábado (23) dentro de um saco plástico, para levar à biópsia.
Sem mais orientações, a esposa, Andreza Andrade, e o pai, Luciano Bispo, contam que o Hospital Geral Menandro de Faria (HGMF) deu prazo de dois dias para entrega do resultado, enquanto Jeferson ainda se encontrava na UTI.
“Nem dormir direito a gente consegue. A maior preocupação era a saúde dele, é o que a gente espera de melhor. Mas quando se depara com uma situação dessa, a gente fica sem chão. Meu filho foi tratado como nada”, lamenta Luciano.
Com Jeferson em estado estável atualmente, apesar de ainda se encontrar na UTI, a família, junto ao advogado Ronicleiton Martins, têm buscado justiça. Segundo Martins, a pretensão é pedir reparação pelo ato praticado, no tribunal. O valor a apresentar como retratação ainda não foi decidido. O advogado explica que o questionamento é sobre a imprudência no comportamento da equipe médica e, consequentemente, como afetou a família.
A orientação médica é que o órgão esteja dentro de um pote aclimatizado para conservação e a equipe esclareça como deve ser o prosseguimento para a biópsia. A esposa do motorista, no entanto, conta que não foi isso que aconteceu. Ela ficou à frente da situação e foi quem recebeu o rim do esposo no plástico.
“Na hora eu fiquei em choque. Comecei a tremer e chorar. Aí ela [profissional de saúde que cuidava do caso] falou que não tinha necessidade para desespero porque foi tirado um rim somente e ele tinha o outro”, afirma.
Andreza ainda conta que foi descuidada até a maneira de que o saco plástico foi entregue. “Quando cheguei lá [no hospital para visita] uma moça deixou dois sacos. Em um estava a roupa dele e o outro achei que era a bala [projétil]. Peguei o saco e saí para uma salinha”.