Aos 49 anos, passadeira viajou 500 quilômetros e se matriculou no curso de Medicina da Uneb


Janecleia Sueli Maria Martins, pernambucana de Petrolina, é uma das novas alunas do curso de Medicina da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), do Campus de Salvador. A futura médica trabalha como passadeira e tem 49 anos.

Agora ela se prepara iniciar o curso na capital baiana, distante 500 quilômetros de sua cidade natal. As aulas serão iniciadas já na próxima segunda-feira (13).

De acordo com informações, Janecleia, sonhava em ser médica desde que tinha 11 anos, no entanto, sem recursos, o sonho ficou adormecido por décadas. Aos 16 anos, deixou de frequentar a escola após concluir o ensino médio. No mesmo ano, ela se casou e, com 17, foi mãe pela primeira vez.

Trabalhando em diversas funções, como caixa de supermercado, faxineira e cozinheira, ela se dedicou aos cuidados com a família. Aos 24 anos, teve seu segundo filho. “Sou de uma família muito simples e humilde, nunca tivemos condição de nos dedicar aos estudos. Sempre precisei trabalhar para levar comida para dentro de casa e assim foi desde que me casei”, explica Jane.

Ela relatou à reportagem que as dificuldades não fizeram morrer a vontade de se tornar médica. “Apesar dos contornos da vida, nunca deixei o meu sonho de ser médica morrer dentro de mim”, disse.

Ao saber que estava aprovada, Jane precisou correr para se matricular, pois o prazo era de 48 horas. Sem muitos recursos disponíveis, conseguiu reunir com a família R$ 350 para pagar as passagens de ida e volta até a capital baiana. “Comprei só a passagem de ida e, com mais R$ 30 no bolso, fui para Salvador fazer a minha matrícula. Depois voltei para a rodoviária e aguardei até minha filha conseguir arrecadar com alguns amigos o dinheiro da minha passagem de volta.

A filha da estudante fez uma vaquinha online onde pretende arrecadar R$ 30 mil para que ela possa se estabelecer na nova cidade , se manter nos primeiros meses e prosseguir com os estudos. Ao retornar a Salvador, Jane vai procurar o setor de assistência social da universidade para saber sobre os auxílios disponíveis. Ela também disse que está disposta a continuar trabalhando para conseguir se garantir financeiramente na cidade.

Com a repercussão da história na imprensa, até o início da noite desta quinta-feira (9), mais de R$ 23 já havia sido arrecadado.

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