Neste atípico domingo, a seleção brasileira encerrou a primeira etapa de preparação para a Copa do Mundo e embarcou rumo a Londres, onde prosseguirá com os treinamentos antes de chegar à Rússia. Enquanto o país vive um colapso de serviços em consequência da greve dos caminhoneiros, jogadores, comissão técnica e dirigentes circulavam de helicóptero entre Teresópolis e Rio de Janeiro. Seguiram para o Galeão sob forte escolta policial e tiveram cada passo no aeroporto transmitido como um estrondoso acontecimento em rede nacional. Despedida digna de uma seleção que despreza sua gente. O processo de elitização dos estádios e a frieza dos cartolas ampliaram o abismo que separa os craques dos meros mortais.
Na Granja Comary, a equipe de Tite fez apenas um treino aberto ao público. A confusão logo se estabeleceu, já que o centro de treinamentos em Teresópolis não possui estrutura para abrigar tantos torcedores. Muitos, incluindo crianças com camisas amarelas, foram barrados do lado de fora mesmo depois de passar horas na fila à espera de uma senha de acesso ao local. Sim, é preciso pegar senha para acompanhar um treino protocolar da seleção. Um treino. Quem conseguiu entrar, se acotovelava por uma selfie ou um autógrafo durante os minutos em que jogadores se dispuseram a atender os fãs. Amontoadas em uma grade que controlava a entrada para as arquibancadas improvisadas, algumas pessoas demonstraram a revolta contra o tratamento de gado dispensado pela CBF com gritos de “uh, uh é 7 a 1”, em alusão ao maior vexame da história do futebol brasileiro.