Um levantamento feito no maior centro brasileiro de psiquiatria do SUS revela que a ansiedade está aumentando entre os usuários durante a epidemia da Covid-19.
Segundo levantamento feito no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Psiquiatria de São Paulo, o número médio de novos casos de ansiedade atendidos por mês deu um salto de 10% a partir de junho de 2020 até fevereiro deste ano, se comparado à média mensal registrada entre janeiro de 2019 e maio de 2020.
Neste período, a média de casos atendidos por mês era de 1.728. A partir de junho, a média saltou para 1.894.
Já os casos de depressão tiveram queda de 5%.
O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que é professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e presidente da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), que administra o ambulatório, afirma que o aumento das incertezas, a insegurança e a dificuldade de planejamento futuro podem explicar o aumento do estresse.
Os sentimentos podem ser agravados por fatores que dificultam a adaptação à epidemia, como pobreza, acesso precário a cuidados de saúde, histórico genético, ausência de suporte social e desesperança. O AME atende um público que tem renda, em média, de até R$ 5 mil.
Segundo Laranjeira, as pessoas são encaminhadas ao AME por outras unidades de saúde, e chegam ao serviço descrevendo sensação de morte iminente, coração acelerado ou dificuldade para se concentrar e dormir “ao ponto de virar algo incapacitante”. Ele afirma que os pacientes querem “fazer qualquer coisa para diminuir o desconforto da ansiedade”.
Ele afirma ainda que os casos de depressão podem aumentar no futuro, já que a ansiedade é um dos caminhos que levam a ela.
Na depressão, o paciente experimenta sentimentos como apatia, falta de energia, tristeza, ideias de morte e visão sombria do mundo.
Ele afirma ainda que os resultados estão alinhados a outros estudos feitos no mundo em relação ao impacto da pandemia na saúde mental das pessoas.