O São João está chegando e muitos já planejaram onde vão curtir este período festivo, considerado por alguns, como a melhor época do ano. No estado da Bahia as cidades da microrregião de Guanambi vêm se destacando como roteiro alternativo, especialmente para quem quer fugir das festas mais badaladas e lotadas próximas à capital. A rica ornamentação, a manutenção de costumes tradicionais e o povo hospitaleiro, bem como shows de cantores famosos como Dorgival Dantas, Mastruz com Leite e Targino Gondim, têm sido chamarizes para atrair visitantes. Dentre estes, existe quem já tenha tudo arquitetado: curtir uma festa de camisa de dia, acompanhar o roteiro das Quadrilhas Juninas e dançar um forró na praça à noite. Mas, há ainda aqueles que encontram tempo (e fôlego) para curtir o que estas cidades têm para oferecer a mais.
A microrregião de Guanambi apresenta trechos de territórios municipais inseridos na Cadeia do Espinhaço, que é um conjunto de montanhas das quais também fazem parte a Chapada Diamantina – BA e a Serra do Espinhaço – MG. Estas montanhas (ou serras, como queiram) têm beleza cênica peculiar e destoam-se do ambiente ao redor de planície mais árida, apresentando fragmentos de Caatinga com árvores mais altas e mata mais adensada, outros de Cerrado (é de lá que vem o pequi) e de vegetações que crescem sobre rochas em locais de maior altitude (Campo Rupestre e Caatinga Rupestre), formando um mosaico florístico belo e rico em biodiversidade. Suas matas protegem várias nascentes de rios e riachos, um verdadeiro tesouro que abastece comunidades rurais e sedes municipais e abrigam diversas espécies de animais, alguns ameaçados de extinção. Cientes da importância ecológica e do potencial turístico destes locais, ONGs ambientalistas, profissionais do ramo de ecoturismo e pesquisadores acadêmicos, vêm promovendo atividades de conhecimento, pesquisas científicas, educação ambiental e divulgação, visando a conservação destas áreas.
O Parque Estadual da Serra dos Montes Altos (PESMA) merece importante destaque por ser a única Unidade de Conservação da categoria na região. Abrange territórios dos municípios de Palmas de Monte Alto, Guanambi, Sebastião Laranjeiras, Candiba, Pindaí e Urandi. O presidente da ONG Prisma, a qual luta em prol da conservação de tal Parque, José Carlos Latinha, destaca: “São 90 mil hectares de extensão contendo em seu interior 148 nascentes, cachoeiras (Mandiroba, Brucunum, Poço Azul, Poço do Buracão e Cotandiba), Caminho das Águas com diversas piscinas cristalinas, vales e uma vegetação que reúne o Cerrado e a Caatinga, com espécies únicas de fauna e flora, algumas ainda desconhecidas da ciência. Também abrigam um sítio arqueológico que envolve a Casa de Pedra, o ‘Alinhamento’, morro com diversos painéis com inscrições rupestres, Toca dos Tapuias, entre outros atrativos.” Recentemente, esta unidade de conservação sofreu séria ameaça por conta do interesse político em instalar um parque eólico no local, ação que promoveria impactos negativos e irreversíveis para a biodiversidade, interesse que não condiz com a vontade da maioria da população, que clama ao governo estadual por ações mais eficazes e necessárias para a proteção deste Parque. Para visitar o PESMA entre em contato com a ONG Prisma.
Créditos das imagens: José Carlos Latinha/Página ‘Em Defesa do Parque Estadual da Serra dos Montes Altos-Bahia’
As serras de Licínio de Almeida são consideradas uma grande ‘caixa-d’água por apresentar muitas nascentes de rios que abastecem municípios próximos. A exploração dos minérios de ametista e manganês já é conhecida historicamente, tendo sido feita desde aventureiros a grandes empresas, como a Vale do Rio Doce (exploração atualmente desativada). Pesquisadores Botânicos têm visitado com frequência o local, onde já descobriram espécies novas para a ciência e publicaram diversos artigos científicos, contribuindo assim, com o embasamento de ações que visem sua conservação. O guia turístico Zé Oliveira, proprietário da Empresa Ecotur é pioneiro no ramo de turismo ecológico na localidade e nos falou em suma sobre os principais atrativos de Licínio de Almeida: “Sobre os pontos e roteiros turísticos de Licínio de Almeida, temos: O garimpo das ametistas – encontra-se em atividade há mais de 50 anos, com acesso a pé e também por veículo, no local ainda se extrai as famosas pedras de ametista e o topázio, cujo passeio inclui ainda visita às cachoeiras da sete quedas; Pinturas Rupestres de Riacho Fundo – pinturas de arte rupestres datados há mais de 1.000 anos atrás, distante 15 km do centro da cidade, acesso feito a pé, por carro traçado ou moto; Trilha Lameirão-Cachoeira do Dedinha – são 10 km de trilha, com duração de 5 horas aproximadamente; Trilha Lameirão-Cachoeirão – dista 5 km do centro da cidade, o acesso é feito por trilha (60 minutos de caminhada) veículo (30 minutos) linda cachoeira com queda de 25 metros, sendo que o maior volume é registrado em época de chuvas, roteiro inclui também visita a um túnel da linha ferroviária,obra concluída em 1949; e a Gruta do Xaxá – distante 6 km do centro da cidade, o acesso é feito por trilha (60 min aproximadamente de caminhada) ou veiculo (30 minutos).”
Créditos das imagens: Zé Oliveira
A Ecotur também faz roteiros para o município de Jacaraci e de acordo com o Zé Oliveira, existem pontos de relevante expressividade turística: “O Morro do Chapéu, com altitude de 1.480 metros, é um local propício para admiração da paisagem e acampamento e a trilha inclui ainda visita a grutas, pinturas rupestres e poço da pedra furada. Neste município também tem a Prainha, que é ótima para banho, com águas rasas e dispõe de uma pequena infraestrutura com energia elétrica, área de camping, quiosques e churrasqueiras.”
Créditos das imagens: Zé Oliveira
O município de Caculé tem como um dos principais atrativos a Barragem do Comocoxico, formada pelo Rio Paiol, que nasce na região serrana de Licínio de Almeida e em época de cheia transborda por galerias, desaguando no Rio do Antônio, gerando pequenas quedas d’água e poços favoráveis para banho. Neste período de inverno o interessante é apreciar a paisagem enquanto degusta um petisco no Boeros Bar, à beira da barragem, que tem em seu cardápio peixe frito, moqueca e vatapá, dentre outros quitutes.
Créditos das imagens: Museu de Caculé, João Pedro
Para curtir ao máximo cada passeio, não se esqueça de usar filtro solar, chapéu, calçados e roupas confortáveis e levar consigo alimentos leves, água e uma câmera fotográfica ou o celular em carga total, para registrar este momento especial. Leve também saco para colocar o lixo que gerar e descarte-o em lixeira quando retornar à cidade.
Conhece algum lugar legal na sua cidade? Conte pra gente! Valorize o seu sertão, conheça e divulgue!
Por: Fernanda Afonso
Contatos:
– Ecotur: (77) 99191-1911 (Zé Oliveira)
– ONG Prisma: (77)99954-4155 (José Carlos Latinha)