Crônicas do Sertão apresenta: Sinfonias da Vida, por Williams Matheus


Foto: Ilustração

Etimologicamente falando, sinfonia é uma palavra de origem grega “συμφωνία”, simbolizando a união dos sons. Nas grandes óperas e oratórios dos séculos XVII e XVIII, as sinfonias eram geralmente um prelúdio, ou seja, um ato musical introdutório. Já a palavra vida vem do latim “vita”, período característico da existência, e esta definição basta para se poder compreender a grandiosidade deste ato, o ato de fazer existir a sinfonia da vida.

A vida existe, pois, somente enquanto o corpo físico é movido pelos impulsos orgânicos da atual encarnação, ou segue viagem após o desencarne? A Doutrina Espírita, Cristã e consoladora, nos diz que a morte é um estado do corpo físico, enquanto a alma segue os seus caminhos pela jornada do além túmulo. Ou seja, vivemos uma eterna reconstrução de sinfonias, que fazem a vida seguir e continuar no plano espiritual, colhendo os “frutos” do prelúdio plantado na encarnação, compreendendo-se assim a Lei da Causa e Efeito.

“… Do alto, choviam pequeninas grinaldas azuis, lembrando safiras que se eterizassem, radiosas, propiciando ao casal venturoso a certeza de que os Planos Superiores lhe endossavam os compromissos e de ângulos ocultos da paisagem vinham melodias de ternura, emoldurando palavras de confiança, em que a Sabedoria do Universo confirmava a perpetuidade da Misericórdia de Deus na vida que, em toda parte, continua sempre mais bela, plena de grandeza, a santificar-se pelo trabalho e a inundar-se de luz.” Com estas palavras, se finda o Livro “E a Vida Continua”, por Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito André Luiz, sendo o 13º livro da Coleção “A Vida no Mundo Espiritual”.

As palavras supracitadas, psicografadas por Chico Xavier e narradas pelo Espírito André Luiz, são de imensurável conforto e propiciadoras de Esperança, pois quando compreendemos que a Misericórdia Divina sempre está a nos acolher, como seres humanos em estado de aprimoramento, e quando nos reconhecemos como peças fundamentais para a edificação do Trabalho Cristão na Seara do Bem, a Vida passa a ter um significado mais especial, mais edificante, e principalmente, mais Amoroso.

Ante a saudade e a solidão, propiciadas através da viagem de um ente querido para novas vidas, conforto nos traz a Doutrina Espírita, pois já dizia Paulo Kronemberger, que “a vida continua e a morte é uma viagem”. Assim como as estações vem e vão, trazendo as flores da primavera, o calor do verão, as folhas do outono e o frio do inverno, a vida nos ensina diariamente que o silenciar em uma noite é necessário para o reviver na manhã seguinte, seguindo o fluxo natural que a Divina Providência nos concede, como forma de fazer viver o envoltório físico que nos faz estar vivos(as), envoltório este, estado encarnado de um espírito eterno.

A morte do corpo físico então, nos chega como complemento necessário e inevitável da vida. Somos nós, seres encarnados e desencarnados, em processo de aprimoramento e amadurecimento moral, ou seja, as estações da vida valem para todos(as). Hoje aqui estamos, mas no amanhã podemos estar no outro plano, e o que devemos nos preocupar, é com a vida que nós estamos produzindo, com as faculdades que estamos aprimorando em nós, com os sentimentos que estamos guardando e executando em nosso viver, pois para toda causa que viermos a produzir, colheremos os efeitos da ação ou da omissão praticadas.

“Além disso, temos a observar que a sociedade, para lá da morte, carrega consigo os reflexos dos hábitos a que se afeiçoava no mundo.” Frase ditada pelo Espírito Emmanuel e psicografada por Francisco Cândido Xavier, presente no Livro “E a Vida Continua”, supracitado no início do escrito ora lido.

A saudade é um sentimento latente, mas não deve ser motivadora de tristeza e lágrimas de desespero. A saudade deve vir nos visitar como um abraço, cheia de carinho e afeto, lembranças de um coração amigo e irmão, que nos precedeu na viagem pela eternidade, e que hoje está a viver em outros céus, em outras vidas, a continuar sua caminhada pelos prados e campinas, seguindo a Mensagem edificante do Evangelho, fazendo o Bem, transmitindo Paz e emitindo Amor, e assim nós, todos e todas, devemos confiar e seguir, escutando e fazendo existir as Sinfonias da Vida e compreendendo que “Fora da caridade não há salvação”.

Paz, Luz e Amor.

Williams Matheus Fernandes AraújoCrônicas do Sertão apresenta: Sinfonias da Vida, por Williams Matheus

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