A ‘entrega da Proteção e Comando Supremo Espiritual do Estado da Bahia à Santíssima Trindade’. Essa é a proposta do projeto de lei do deputado Pastor Isidório Filho (AVANTE), publicado no Diário Oficial Assembleia Legislativa da Bahia nesta terça, 16. O PL 23.227/2019 ainda ‘anula pactos’ com ‘forças maléficas’ e ‘anjos das trevas’ que poderiam prejudicar o povo ‘nas águas, matas, desertos, rochas e lugares ocultos’. João Isidorio, filho do deputado federal Pastor Sargento Isidório (AVANTE-BA), afirma que o projeto é um ato de fé, que pede ‘a Deus proteção e bênçãos para o Estado’. “Nossa nação tem passado por problemas que às vezes não estão mais na mão dos homens. Estamos entregando nosso estado à Santíssima Trindade para que Deus nos abençoe e a gente consiga sair da crise, no estado e nacionalmente.” Segundo o deputado, a proposição não fere a laicidade do Estado prevista pela Constituição Federal. “Eu não estou desrespeitando nenhuma religião, a não ser que alguma diga que quer amaldiçoar o estado. Isso aí a gente vai repreender o tempo. É um pacto que busca as bênçãos de deus sobre o nosso estado, que anule as maldições independente de onde elas tenham sido feitas”, diz o pastor. O deputado João Isidório, de 27 anos, foi o candidato da Assembleia Legislativa da Bahia mais votado nas eleições 2018. Seu pai, o Pastor Isidório (AVANTE), foi o mais votado no Estado para a Câmara dos Deputados, em Brasília, onde apresentou o primeiro projeto da Casa Legislativa em 2019, que propõe transformar a Bíblia em ‘Patrimônio Nacional, Cultural e Imaterial do Brasil e da Humanidade’. Na justificativa do projeto, Isidório Filho indica a relação do projeto com o decreto do prefeito de Guanambi, Jairo Magalhães, que entregou as chaves do município a Deus, em ato simbólico no dia 2 de janeiro de 2017. Para ele, o decreto ‘apenas ratificou uma verdade universal e bíblica’. O desembargador Ivanilton Santos da Silva, no entanto, deferiu uma liminar anulando o decreto, a pedido do Ministério Público da Bahia, aponta o documento. No texto, o deputado coloca que a medida foi tomada para que o ato de Magalhães não fosse caracterizado como intolerância religiosa, mas afirma que o promotor precisa ser isonômico e tolerante com todas as religiões. “Se quiser perseguir mesmo o cumprimento da Lei da laicidade do Estado terá um importante trabalho pela frente por sabermos que verdadeiramente as religiões, credos e crenças invadiram todos os ambientes públicos nos Três Poderes e demais Órgãos e Instituições Públicas.”, afirma o pastor.