O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu pedir a saída definitiva do senador Aécio Neves (PSDB-MG) do cargo de presidente nacional do PSDB. O mineiro está afastado do cargo desde o dia 18 de maio, quando foi deflagrada a Operação Patmos, que investigou as acusações feitas contra ele, o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) na delação premiada do empresário Joesley Batista, do grupo JBS. Interinamente, o cargo é exercido pelo também senador Tasso Jereissati (CE).
“Eu tenho respeito pelo senador Aécio Neves, mas entendo que hoje ele vive um momento em que precisa se concentrar na sua defesa”, afirmou o prefeito, em entrevista à Rádio Jornal, de Pernambuco. Na avaliação de Doria, uma eventual renúncia de Aécio permitiria que o partido “possa ser presidido por um outro nome, eleito, que seja o coordenador das ações do PSDB, em um período que se aproxima das eleições e que há instabilidade política do país”.
Sobre as eleições presidenciais de 2018, ele reiterou sua “lealdade” ao seu padrinho político, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Apesar de ressalvar que Alckmin é um “homem sensato”, que vai avaliar a sua decisão de acordo com o momento político, ele descartou mais uma vez disputar o Planalto. “Eu nunca me apresentei como candidato. Eu me apresento como prefeito de São Paulo, ainda com seis meses de mandato”.
Questionado a respeito do apoio do partido ao presidente Michel Temer, João Doria citou a grave situação econômica do país e disse que a legenda reavaliará a situação caso surjam “novos fatos”. “O apoio do PSDB à governabilidade é apoio ao país, é uma proteção ao Brasil, lembrando que nós temos catorze milhões de desempregados”, argumentou o prefeito.
Nome ascendente do partido, Doria divergiu da posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que defendeu a antecipação das eleições presidenciais de 2018. “Ao meu ver, só se fosse um caso de gravidade absoluta”, afirmou, acrescentando que a medida paralisaria o legislativo. “Vai colocar o Brasil em uma crise ainda maior, paralisa o Congresso Nacional, paralisa completamente as reformas e vai afetar o processo econômico que se mantém razoavelmente afastado do momento político”, concluiu.
O prefeito tratou também da pesquisa Datafolha, que trouxe mais uma vez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na dianteira. Para Doria, a pesquisa é uma análise de momento e é preciso considerar que Lula também enfrenta alta rejeição, principalmente em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Apesar de insistir que não se inclui em cenários presidenciais, ele também lembrou que iniciou as pesquisas com cerca de 2% das intenções de voto e venceu a eleição para a Prefeitura de São Paulo já no 1º turno.