O governador Jerônimo Rodrigues (PT) gastou com os festejos juninos deste ano quase o triplo dos recursos destinados para ações de combate à fome e à pobreza a cargo da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades). Segundo levantamento no site de transparência do governo do estado e nos contratos e convênios para bancar o São João na Bahia publicados até agora no Diário Oficial, os repasses estimados para patrocínio, estrutura e atrações artísticas nos eventos de junho somam R$ 186 milhões, contra os R$ 63 milhões efetivamente pagos em 2023 para ações contra a fome e a pobreza sob alçada da Seades.
Do montante gasto com o São João, R$ 74 milhões foram repassados por meio de convênios, sendo R$ 54 milhões para a capital e R$ 18,6 milhões para o interior. O maior valor, R$ 112 milhões, se refere à contratação direta de bandas e cantores sem licitação. O governo baiano também deixou de investir, nos últimos quatro anos, R$ 489,3 milhões dos recursos reservados pelo Orçamento ao Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Funcep), cujo caixa próprio custeia a imensa maioria das políticas públicas voltadas a reduzir os níveis de insegurança alimentar e de vulnerabilidade social. A cifra mais expressiva foi registrada em 2020, quando a gestão Rui Costa executou R$ 297 milhões a menos do que estava depositado na conta do Funcep. De 2019 a 2022, as receitas do fundo foram de R$ 3,64 bi, mas as receitas totalizaram R$ 3,15 bilhões.