Na Bahia, quatro milhões são castigados pela seca


Estiagem atinge 48% dos municípios baianos e a chegada do El Niño tende a piorar a situação

Na próxima segunda-feira, a Defesa Civil da Bahia deverá publicar um decreto de reconhecimento de situação de emergência em 200 municípios afetados pela seca. O objetivo é manter o atendimento da população da zona rural com caros pipas contratados pelo Exército e garantir recursos para obras emergenciais de abastecimento de água, e assistência a mais de quatro milhões de baianos.

No dado mais recente da  Superintendência de Defesa Civil (SUEDC) até ontem, a Bahia estava com 194 municípios em situação de emergência, onde estão 4,1 milhão de habitantes (25% da população do Estado).  Isso também representa 48% dos 417 municípios. Nessas as reservas de água estão em níveis críticos e por  isso mesmo  aproximadamente dois mil caminhões pipas, dos quais 1.558 contratos pelo Exército, abastecem a população rural e parte da urbana.

A situação da seca vem se agravando, mas o alerta maior, contudo, é para ao agravamento, com a chegada do fenômeno climático denominado de El Niño, que faz com que  chova menos na Região Nordeste.  Ontem meteorologia da Organização das Nações Unidas estimou que existe 70% de probabilidade do fenômeno ocorrer em novembro, período em que costuma iniciar o período de chuvas na Região do Semiárido.

No Brasil, principalmente na região Nordeste, o El Niño costuma causar secas severas nas áreas centrais e norte da região, afetando, principalmente, a região conhecida como Polígono das Secas, que passa a viver crises dramáticas relativas à escassez hídrica. “Infelizmente os reservatórios estão na iminência de secar, e o El Niño vem justamente no período de chuva, que acontece a partir do final de outubro. O quadro já é de extrema gravidade em algumas regiões que não possuem mananciais de água”, disse o coordenador da defesa Civil na Bahia, Paulo Sérgio Menezes.

Carros – pipas

A Defesa Civil na Bahia iniciou o cadastramento de novos caminhões-pipas para o abastecimento da população, e a renovação dos decretos de situação de emergência dos 194 municípios e acréscimo de mais seis, a partir da próxima semana. “A nossa preocupação é garantir o abastecimento com carros-pipas pelo Exército”, disse Paulo César Menezes.

Na operação do Exército na Bahia, são empregados efetivos das unidades de Barreiras, Salvador, Feira de Santana e Paulo Afonso, além de unidades de Petrolina (PÈ) e Aracaju (SE). O Exército atende com o programa, cujos recursos são federais, 152 municípios na Bahia. Em, alguns deles, como Monte Santo, (110), Campo Alegre de Lourdes (96) e Casa Nova (84), o atendimento com carros-pipas é a única forma de abastecimento da população. O coordenador da Defesa Civil informou ainda que o Ministério da Integração Nacional liberou R$ 14,2 milhões para a contratação de novos carros-pipas.

Barragens

No Sudoeste do Estado, conforme a Defesa Civil, a situação de seca vem se agravando  nos municípios de Condeúba, Piripá e Cordeiro, com o nível da barragem do Champrão chegando a zero. O mesmo aconteceu nas cidades de Licínio de Almeida, Rido do Antonio e Guajeru, com a barragem do Truvisco.

Nos sete anos seguidos com  chuvas abaixo da média histórica, os estragos são sentidos na agricultura familiar e pequenos agricultores, que sem quaisquer reservas de água sobrevivem unicamente com os recursos dos programas sociais. Em algumas regiões, as barragens não mais se recuperaram, como é o caso de Adustina, no Norte do Estado,totalmente seca, e Apertado,  na cidade de Mucugê, na Chapada Diamntina

Quatro barragens secaram por completo

Há mais de três anos que a barragem de Adustina, no Rio Vaza-Barris, não tem água. A seca fez com que o município, um dos principais produtores de feijão do Norte do Estado, tenha que recorrer ao uso de carros-pipas para abastecer as localidades da zona rural,

Das  49 barragens distribuídas em nove bacias hidrográficas do Estado, 13 delas estão em situação crítica no seu volume útil de água. Dessas, quatro -Apertado, São José do Jacuípe, Champrão e Truvisco –  estão completamente secas. A situação mais grave é na Bacia do Rio de Contas, onde quatro das 12 barragens estão com níveis de acúmulo de água em alerta, abaixo dos 20%.

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