‘Não deveria ter recebido’, diz Jaques Wagner sobre relógio dado pela Odebrecht


O ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) afirmou que deveria ter devolvido o relógio de US$ 20 mil que ganhou da empreiteira de Marcelo Odebrecht em seu aniversário, para evitar qualquer tipo indicação de que poderia favorecer a empreiteira em contratos com o governo baiano.
Segundo Wagner, o presente dado em 2012 foi aceito em razão da “amizade de longa data” que ele tinha com Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht e delator da Operação Lava Jato. “O cara era meu amigo, eu o conheço desde o pai dele (Claudio Melo). É um gostador de relógio, como eu sou. Me deu o relógio”, disse Wagner, que participa nesta segunda-feira, em Brasília, do seminário “Estratégias para a Economia Brasileira – Desenvolvimento, soberania e inclusão”, promovido pelas lideranças do PT na Câmara e no Senado e pela Fundação Perseu Abramo. “Se ele deu achando que ia me comprar, eu até reconheço que não deveria ter recebido”, completou.
A informação sobre o presente foi repassada aos investigadores por Claudio Melo Filho. O relógio Hublot, modelo Oscar Niemeyer, detalhou o delator, traz a imagem do Congresso Nacional ao fundo. Em outros aniversários, disse Melo Filho, também foi enviado a Jaques Wagner um relógio da marca Corum, modelo Admirals Cup.
“Recebi como um de amigo rico que está me dando um presente”, afirmou o ex-ministro. “Se ele achava que, por conta disso, ia colher alguma coisa dentro do governo, é só ele dizer o que ele colheu dentro do governo por conta do presente.”
Principal contato de Jaques Wagner com a Odebrecht, Cláudio Filho afirmou que, em 2006, 2010 e 2014, a empresa deu R$ 25 milhões em doações eleitorais, via oficial e por caixa 2, para as campanhas do petista e para a campanha do governador da Bahia, Rui Costa (PT), em 2014. Os pagamentos tinham o aval de Marcelo Odebrecht. Ambos negam as irregularidades.
Fonte Estadão
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