O Canta Bahia é um fenômeno de sucesso no universo gospel. A última edição, realizada sexta e sábado passados em Feira de Santana, reuniu aproximadamente 80 mil pessoas atraídos pelos dois dias de shows com astros do naipe de Bruna Karla, Cassiane, Mizael Mattos, Eli Soares e Sandro Narizeu, todos bastante conhecidos pelos fãs da música de louvor e adoração. Até o governador Jerônimo Rodrigues (PT) apareceu no primeiro dia de evento, ao lado de uma trupe de auxiliares. Até aí, tudo dentro do script, assim como nas duas etapas anteriores – uma em Salvador no início de julho e outra em Camaçari no fim de agosto. A questão é o que está fora dele.
Embora seja realizado pelo governo do estado, o festival gospel recebeu a título de patrocínio R$ 1,83 milhão pagos pela Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur) através de duas parcelas de R$ 916,2 mil para a S E Entretenimento, segundo dados do portal de transparência da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz). Acontece que o CNPJ informado pertence à empresa JF Soluções Hospitalares, cadastrada na Receita Federal como o nome de fantasia S E Sport, cujas atividades econômicas declaradas nada tem a ver com eventos musicais ou artísticos. Basicamente, tem como ramo principal o comércio varejista de produtos médicos e ortopédicos.
Como atividade secundária, a empresa se apresenta como atacadista de medicamentos, instrumentos cirúrgicos, próteses, produtos e equipamentos médicos e odontológicos, cosméticos, perfumes, artigos de higiene e material de limpeza. Ainda de acordo com o cadastro da Receita, o portfólio descrito por ela inclui também transporte rodoviário de carga, locação de veículos com motorista e aluguel de aparelhos hospitalares, entre outros serviços similares. Não há quaisquer referências à produção de eventos ou captação de patrocínios para projetos relativos à arte, cultura e música gospel que justifiquem, mesmo que indiretamente, o repasse de quase R$ 2 milhões.
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