“Trabalhar com agroquímicos é muito complicado, principalmente quando se está lidando com a agricultura familiar, em que você está envolvendo a família, o meio de vida em cima disso. Quando a gente trabalha na agricultura familiar, os defensivos vêm para agregar, o crescimento de planta, defesa, mesmo não tendo a mesma eficiência que um agroquímico tem, mas eu consigo, com certeza, melhorar bastante a vida das pessoas que se envolvem com isso. Os defensivos naturais depende muito também da visão do produtor, ele pode estar utilizando plantas, animais, em defesa desses próprios animais, a necessidade da vida para defender a vida (…) o interessante é aprender bastante com ambiente, com o meio em que vivemos. Aprender a perder algumas vezes, a ter pequenos prejuízos para evitar uma contaminação, levar sempre a vida a seu favor” – Disse o engenheiro agrônomo Eduardo Novais Alves, formado na UESB, que trabalha na Cootraf e presta assistência técnica à 5 municípios.
Sertão em Dia: Qual a funcionalidade do agrotóxico?
Eduardo Novais: Os agrotóxicos são produtos usados para proteger a planta e então modificar seu crescimento, como o próprio nome já diz, são produtos tóxicos utilizados para alterar o crescimento da planta, a fisiologia da mesma, podendo ser até modificada. Esses agrotóxicos hoje têm em grande quantidade no mercado e como modifica e altera a planta, algumas pessoas chamam de defensivos agrícolas, até a própria legislação está querendo modificar o nome de agrotóxicos para defensivos agrícolas pois muda a planta, protege ela, principalmente de pragas e doenças, melhora o crescimento da planta durante o período de produção, mas não deixam de ser agrotóxicos, pois são elementos químicos e como tem resíduos e restos acabam atrapalhando e provocando doenças nas plantas e principalmente na gente.
“Mas depende muito da visão do produtor de utilizar o natural, a vida para defender a vida.”
Sertão em Dia: O que são defensivos naturais? Como podem ser usados?
Eduardo Novais: Defensivos naturais são elementos naturais utilizados para causar, basicamente, a mesma situação dos agrotóxicos, só que de forma natural. Como não estamos trabalhando com produtos químicos, são produtos que tem característica lenta, defesa lenta, então tem que utilizar mais como método de proteção, pois não estou utilizando por exemplo, agrotóxicos que mudam o gosto da planta, elementos químicos que vão por dentro da planta, mas sim, defensivos naturais que estamos usando como protetores. Esses defensivos então, podem ser utilizados nas folhas e na própria planta, evitando algumas doenças, principalmente a contaminação do ser humano por agrotóxico.
Por ser natural, estamos falando de plantas que vão defender plantas, ou elementos químicos básicos que vão defender as próprias plantas. Nesse caso então, nós podemos utilizar alho, pimenta, fumo, o óleo de comida que vai ser misturado com o detergente para dar uma aderência maior nas plantas e automaticamente criar um afastamento dos animais da planta que seria atacada. Então nessa questão dos defensivos naturais, você pode utilizar a planta para defender planta, e até mesmo insetos, como por exemplo a lagarta , em que você faz o “suco de lagarta”, cata a própria lagarta, faz o suco dela com materiais específicos para fazer a defesa, porque os próprios insetos se afastam do cheiro dela. Portanto, podemos utilizar animais ou plantas para repelir os próprios animais, é uma das características de utilizarmos os defensivos naturais.
Sertão em Dia: Quais receitas você pode indicar?
Eduardo Novais: As receitas que eu indico, geralmente são plantas para simplificar a vida do produtor. Eu trabalho muito com pimenta, pois eu acabo amassando a pimenta, faço tipo uma conserva dela, misturo com água, para ser utilizado em hortaliça, para combate de pulgão. Uso também a farinha de trigo e água, que eu acabo misturando e depois pulverizando nas plantas… e o que que acontece com isso? Eu aumento a película de proteção da planta e essa parte da planta, da folha, acaba impedindo a entrada de doenças e a propagação de doenças que atacariam ali através da epiderme da planta. São situações simples, né, o próprio leite faz isso, utilizo bastante também o óleo de comida com sabão em pó, que também agrega bem e combate algumas doenças, como, mosca branca, cochonilha na palma, tudo isso dá para ser utilizado. São situações básicas, mas ai depende muito da visão do produtor de utilizar o natural, a vida para defender a vida. Essa é a grande características dos defensivos naturais.
Sertão em Dia: Qual a vantagem de usá-los?
Eduardo Novais: Como vantagem, é o que eu deixei aí no último tópico, “A vida para defender a vida!”. Não vai provocar contaminação de rios, lagos, mudança dos próprios animais. Utilizando os defensivos naturais, eu consigo muito bem, por exemplo, evitar contaminação humana que os agroquímicos fazem, pois são venenosos e acabam alterando a genética das pessoas, tanto é, que a incidência de câncer é muito grande por causa disso, como algumas pesquisas já estão provando, então, na verdade, eu estou utilizando a vida para defesa da vida. A vantagem é evitar a contaminação do meio ambiente e também, no caso de um fator biológico, evitar as evoluções de algumas pragas que com o passar do tempo ainda se tornam piores, atacando e tornando-se difíceis de serem controladas, mudando também o equilíbrio da terra.
Eduardo Novais Alves, engenheiro agrônomo, formado na UESB e trabalha atualmente na Cootraf, prestando assistência técnica à 5 municípios.