Não tenham dúvidas, bons cidadãos, estamos passando por transformações sociais talvez ainda não completamente desvendadas. Basta olhar em volta para perceber que nosso tempo é histórico e os fenômenos políticos que estão acontecendo na atualidade ainda serão comentados por muitos anos. O início do século XXI, precisamente sua segunda década, ficará para a história como marco político/social no cenário nacional.
E não é só no Brasil que vemos nascerem dificuldades difíceis de deslindar. O mundo todo sofre com crises políticas e violência. Muitos países em guerra, ataques terroristas constantes, a fome assolando a humanidade, o desemprego assustando até mesmo países tidos como desenvolvidos.
E por que fazermos uma abordagem crítica sobre assuntos já tão amplamente discutidos em todos os meios de comunicação?A visão de cada um é diferente, várias óticas, vários prismas, várias perspectivas. Mas os textos que estamos lendo, os vídeos que estamos vendo, as notícias que nos chegam em avalanche, tudo isso nos é dado por outro, que muitas vezes vive uma realidade diferente, numa geografia diferente, num contexto social diferente. Por isso a necessidade de cada um, avaliando o seu entorno, encontrar suas próprias respostas.
Muitos agora podem pensar que, se estou falando de política, porque então coloco em pauta a individual observação, já que o pensamento político deve ser coletivo. Afinal, o estado, segundo J. J. Rousseau, é o pacto organizado em uma constituição, o que viria a ser o contrato social. Então, pode parecer que olhar segundo o ponto de vista particular seria egocêntrico e limitado. Na verdade, o estado é sim formado de um coletivo e deve sim estabelecer parâmetros que visem o bem coletivo, este é o motivo de sua existência. Mas como estabelecer o que é o bem coletivo em uma sociedade tão variada, com gostos e tendências tão discrepantes?
Pensar politicamente é se colocar no lugar do outro, é pensar que o bem do próximo acarreta o nosso bem. O ser humano, desde os primeiros tempos da vida em comunidade, se une com o intuito de autopreservação, de enfrentar juntos os obstáculos oferecidos pela natureza. Mas o que se percebe é algo completamente diferente. Não estamos lutando contra um inimigo alheio à humanidade, estamos lutando uns contra os outros. Julgamos e condenamos as atitudes de nossos vizinhos, sem antes refletirmos se sua ação nos acarreta algum malefício ou se compromete nossa rotina. Separamos-nos de quem deveríamos estar unidos. E acreditem, se o pensamento da população não evoluir, a qualidade de nossos representantes também não melhorará.
Por isso devemos repensar o nosso conceito de certo ou errado, mudar nossos valores, buscar mais bens espirituais que materiais. É claro que os pensamentos discrepantes sempre existirão, é normal, ninguém é igual a ninguém. Mas este é o momento de pensarmos: Em que nós somos iguais? Quais os nossos anseios em comum? O que justifica o nosso pacto social? Contra o que devemos lutar? Em que nossas diferenças podem ser úteis nessa luta? Porque senão, meu amigo, continuaremos encarando nossas individualidades como empecilho para que pensemos em conjunto e o conceito de estado não fará mais sentido.
Por: Tiago Brito
BIOGRAFIA
Tiago Andrade Costa Brito é nascido em Caculé, filho de Salvador (Batatinha) José de Brito e Maria das Graças Andrade Costa de Brito, ambos professores aposentados.
Farmacêutico pela Universidade Federal da Bahia, com MBA em Gestão e Auditorias em Sistemas de Saúde, se interessa pelos mais diversos temas. Mas seu principal interesse é a literatura e a filosofia, principalmente a filosofia política de autores como Aristóteles, Maquiavel, Espinosa, Montesquieu, Voltaire e J. J. Rousseau. Entre os títulos que já leu se encontram livros de escritores renomados mundialmente, como Standhall, Dostoievski, Shakespeare, Molière, Alexandre Dumas, Cervantes, Machado de Assis e muitos outros, tendo um interesse especial pela literatura francesa.Com experiência profissional vasta e variada (ensino de química, pesquisa em plantas medicinais, síntese orgânica, gestão de drogarias e manipulação de fórmulas) volta a morar em Caculé após 18 anos longe de sua terra natal, com o intuito de se aprofundar em seus estudos e solidificar seus conhecimentos, além da busca pelo sossego e ar puro do interior.
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