O governador Rui Costa (PT) afirmou nesta segunda-feira (25) que a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) trata-se de mais um “espetáculo midiaticamente produzido”.
“Eu fico à vontade pra falar porque eu fui oposição ao ex-presidente da República. Agora, um ex-presidente que tem endereço certo, que tem 78 anos de idade, todo mundo sabe onde ele mora. Precisa ser essa operação de prendê-lo no meio da rua, sendo filmado? Parece mais um capítulo de novela, um espetáculo. Nós vamos fazer notícia com o espetáculo? Eu não acredito nisso”, disse o governador ao ser questionado sobre o caso pelo bahia.ba.
A declaração foi dada no Parque de Exposições de Salvador, em evento para a entrega de equipamentos agrícolas.
“Estou muito preocupado, como outros governadores também estão, com o que está acontecendo com o nosso país. Evidente que eu sou a favor de toda e qualquer apuração contra quem for. Acho que tudo tem que ser apurado, investigado e ter o devido processo legal. Mas nós temos uma Constituição, nós temos leis em nosso país”, acrescentou o chefe do Palácio de Ondina.
Temer está detido desde a última quinta (21) na sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, por decisão do juiz federal Marcelo Bretas, que defendeu tratamento semelhante ao dado ao ex-presidente Lula, preso desde abril de 2018 em Curitiba.
O emedebista foi um dos dez alvos da operação Descontaminação, desdobramento da Lava Jato no Rio.
“Eu acredito em um país e em instituições fortes. Acredito em instituição que tem, por si só, a função de ser discreta, de ser serena, de ser cautelosa. Quem tem que aparecer em mídia são políticos, artistas, jogadores de futebol. As instituições jurídicas não deveriam ter como prioridade aparecer no jornal das oito da noite. Infelizmente, o que nós estamos precisando soa operações midiaticamente produzidas”, reiterou Rui Costa.
Além de Temer, estão detidos o ex-ministro Moreira Franco, o coronel João Batista Lima Filho, amigo de longa data do emedebista, e outras sete pessoas foram presas. Segundo o Ministério Público Federal, o grupo estaria envolvido em desvios que somam R$ 1,8 bilhão. A investigação trata de irregularidades na construção da usina Angra 3 e do contrato entre a Eletronuclear e as empresas Engevix, Consult, AF e Argeplan (pertencente ao coronel Lima).