Uma rotina de tortura, humilhações e insalubridade. Felipe Freitas, secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, relatou em entrevista ao UOL nesta quinta algumas das práticas a que eram submetidos os trabalhadores resgatados em vinícolas do Rio Grande do Sul, em condições análogas à escravidão.
“Além das condições insalubres, mornado em local úmido, sem alimentação adequada e expostos a uma jornada extenuante de trabalho, eles também eram alvo de violência física e psicológica. Eram acordados aos chicotes para trabalhar. Se parassem um pouco para descansar, porque não havia o repouso permitido entre a jornada, eram agredidos. Havia uma limitação para o banho e utilização do banheiro, que era precário, e eles eram retirados à força”.
Freitas se chocou com os relatos dos trabalhadores e lamentou que casos como o ocorrido nas vinícolas do Rio Grande do Sul ainda sejam comuns em todo o Brasil.
“Havia utilização de spray de pimenta e restrição de comunicação. Enfim, eram práticas de tortura executadas contra esses trabalhadores. Estamos diante de um quadro clássico e recorrente de trabalho escravo consorciado com outras práticas violentas e violação de direitos. Também destaco o grau de terror psicológico que esses aliciadores produziram sobre esses trabalhadores”.